Bruno Henrique faz dois e Flamengo dorme na liderança do Brasileirão 2025

Na noite de 1º de novembro de 2025, o Clube de Regatas do Flamengo voltou a mostrar por que é favorito ao título do Campeonato Brasileiro Série A — e fez isso no lugar onde mais gosta: o Maracanã. Em uma noite de domínio absoluto, o time carioca venceu o Sport Club do Recife por 3 a 0, com Bruno Henrique Pinto marcando duas vezes e o uruguaio Giorgian De Arrascaeta arrancando um golaço de falta. Com o resultado, o Flamengo chegou aos 65 pontos e dormiu na liderança do Brasileirão, um ponto à frente do Palmeiras, que ainda jogaria na manhã seguinte. A vitória foi a sétima consecutiva sem perder na competição — e a sétima em casa. O que parecia fácil, na verdade, foi um teste de paciência. O Flamengo criou chances, desperdiçou chances, e mesmo assim, nunca perdeu o rumo. Quando o jogo exigia, o time respondeu. E quem respondeu foi Bruno Henrique. O atacante de 34 anos, que chegou ao clube em 2019 e já viveu altos e baixos, voltou a ser o homem do momento. Não foi só por marcar. Foi por liderar, por correr, por pressionar. Ele não é mais o jovem veloz de Belo Horizonte. É o líder que sabe quando acelerar e quando esperar. E naquela noite, escolheu os dois momentos certos.

Dois gols, uma noite de glória

O primeiro gol veio aos 28 minutos do primeiro tempo. Uma bola levantada da direita, cabeceio de Léo Pereira, rebote de um zagueiro do Sport e Bruno Henrique, como um gato, apareceu no lugar certo. Sem precisar de muita força, ele apenas empurrou para dentro. A torcida explodiu. Não era só o gol — era a confirmação de que o time estava naquilo. O segundo, aos 17 minutos do segundo tempo, foi ainda mais simbólico. O Flamengo pressionava, o Sport recuava, e o meio-campo carioca começou a circular com precisão. A bola chegou em Arrascaeta, que já havia sido ameaçado com cartão amarelo. Ele olhou para o gol, deu dois passos para trás, e acertou a trave superior com um chutaço de direita, quase sem ângulo. O goleiro nem se mexeu. O estádio inteiro ficou em silêncio por um segundo — e depois, em caos. Era um gol de filme. Um daqueles que a gente lembra anos depois. Arrascaeta, que desde 2019 virou peça-chave no meio-campo do Flamengo, não comemorou com exagero. Apenas apontou para o céu. Um gesto simples. Mas que falava mais do que qualquer discurso.

Uma equipe que não desiste

O Flamengo não foi perfeito. Longe disso. Perdeu chances claras. Danilo errou um pênalti na primeira etapa. Saulo desperdiçou uma bola na frente do gol. Mas o que diferencia um time campeão de um time bom é a capacidade de transformar frustração em resultado. E o Flamengo fez isso. O goleiro conhecido como "Rosse" — cujo nome real não foi divulgado, mas que veste o uniforme rosa-chiclete desde o início da temporada — foi decisivo em dois momentos cruciais. Em um contra-ataque do Sport, Wellington quase empatou, mas Rosse fez uma defesa de pé, quase no chão. O público gritou. O técnico Tite, que está no comando desde o início da temporada, não escondeu o alívio no banco. "A gente sabe que não é fácil manter o ritmo. Mas a equipe tem caráter", disse ele após o jogo, em entrevista coletiva. O Sport, por outro lado, segue como lanterna. Com 23 pontos e 18 derrotas, o clube pernambucano não vence desde 28 de setembro. Seu técnico, ainda sem reestruturação, não conseguiu montar um plano defensivo eficaz. O time perdeu a identidade. E isso se reflete na tabela.

Uma liderança que pode cair — ou se consolidar

O Flamengo está à frente do Palmeiras por um ponto. Mas o que importa não é só a diferença. É o momento. Enquanto o Palmeiras enfrenta o Bahia em São Paulo, o Flamengo tem sete jogos pela frente — e dois deles são decisivos. Em 6 de novembro, o clube enfrenta o Atlético Mineiro em Belo Horizonte. Em 10 de novembro, recebe o Corinthians no Maracanã. Ambos são adversários diretos. Ambos querem o título. E ambos sabem que, se o Flamengo vencer, a pressão aumenta. O clube já tem 20 vitórias, 5 empates e 6 derrotas. É o melhor aproveitamento da competição. Mas a história do Brasileirão ensina: liderar não garante nada. Em 2022, o Flamengo liderava com 10 jogos para o fim e perdeu o título. Em 2023, o mesmo aconteceu com o São Paulo. Mas desta vez, algo parece diferente. O elenco está coeso. O técnico Tite, que já foi campeão com a seleção brasileira, trouxe disciplina sem tirar a identidade. E os jogadores estão jogando por algo maior do que o troféu. Estão jogando por uma nova era.

Maracanã, o templo que nunca dorme

O Maracanã lotou. Não se sabe o número exato — os organizadores não divulgaram — mas a energia era a de um jogo final. O estádio, com capacidade para 78.838 pessoas, vibrou com cada lance. O som das batucadas, o canto de "Vai, Flamengo, vai!" ecoou por toda a noite. O uniforme rosa do goleiro virou símbolo. Alguns torcedores chegaram vestindo camisas rosa. Um menino de 8 anos, que segurava um cartaz dizendo "Rosse é meu herói", foi filmado pela TV. Essa é a magia do futebol brasileiro: ele transforma jogadores em lendas, e estádios em templos. O Flamengo não é só um time. É uma religião. E naquela noite, a fé foi recompensada.

Como será o fim da corrida?

Com sete rodadas restantes, o Flamengo precisa de apenas 10 pontos para garantir o título. O Palmeiras precisa vencer todos os jogos e torcer por derrotas do Flamengo. O Atlético-MG e o São Paulo estão a 13 pontos de distância. Ou seja: o caminho está quase todo aberto. Mas o futebol não é só números. É pressão. É nervosismo. É um pênalti perdido. É um erro de marcação. É um gol de falta que muda tudo. O Flamengo tem tudo para ser campeão. Mas ainda não é. E isso é o que torna tudo mais emocionante. Ainda há tempo para errar. E ainda há tempo para brilhar.