Globoplay libera novos episódios e revive capítulos icônicos de Chaves e Chapolin
Tem novidade no streaming que fala direto com a memória afetiva de quem cresceu com a TV aberta. O Globoplay colocou no ar, no plano padrão, um novo pacote de episódios de Chaves e Chapolin a partir de 4 de setembro de 2025. A liberação respeita, na maior parte, a ordem de exibição que o público brasileiro já conhece, o que ajuda a manter as piadas recorrentes, os arcos dos personagens e aquele senso de continuidade que os fãs valorizam. Em paralelo, os episódios também estão sendo exibidos no Multishow desde agosto, de segunda a sexta, às 10h30.
No lado de Chaves, o pacote traz capítulos que costumam liderar qualquer lista de preferidos. A trilogia "Vamos Todos a Acapulco" volta a colocar a vila fora do seu cenário habitual, com a turma vivendo perrengues e fofocas à beira-mar. É a sequência em que Chiquinha admite ter usado escondido o dinheiro do pai para comprar um limpa-prata e entrar num sorteio com duas passagens para Acapulco, o que dispara a corrida para viabilizar a viagem. O humor nasce do choque entre a simplicidade dos moradores e a pompa do hotel, com Quico e seu inseparável apito, Dona Florinda em modo elegante e Seu Madruga tentando não gastar um centavo.
Também chegam episódios como "A Casa da Bruxa", em que a vizinhança alimenta o mito sobre Dona Clotilde e transforma qualquer barulho em feitiço, e "O Festival da Boa Vizinhança", o grande show de talentos da vila – com números musicais improvisados, ciúmes de bastidores e a eterna disputa por um prêmio que mal cobre o custo do figurino.
Entre as aventuras do Chapolin, três títulos chamam atenção: "Ser Pequeno Tem Suas Vantagens", "O Abominável Homem das Neves" e "Sai de Baixo Que Lá Vem Pedra". O primeiro é um raro crossover entre os universos: o herói de anteninhas visita a vila do menino órfão. O episódio começa com uma briga pelo gibi do Chapolin, que é do Seu Madruga. Quico se mete, Dona Florinda aparece, e o clima esquenta. Assustado, o garoto apela ao grito clássico; o herói sai de dentro de um barril, aceita a missão de defender Seu Madruga e resolve provar que é ele mesmo: toma as pílulas encolhedoras, deixando Dona Florinda sem argumentos. No gran finale, o próprio garoto toma as pílulas do Chapolin para encarar uns biscoitos gigantes – e a bagunça fica completa.
Já em "O Abominável Homem das Neves", o humor físico domina: trapalhadas em cenários gelados, perseguições que desafiam a lógica e aquela mistura de valentia e atrapalhação que só o Chapolin entrega. Em "Sai de Baixo Que Lá Vem Pedra", a ação é de aventura: uma corrida contra o tempo, uma pedra rolando sem dó e o herói precisando ser rápido com a lábia para escapar dos vilões e das próprias invenções.
É bom lembrar: a montagem em ordem conhecida pelos brasileiros não é detalhe técnico, é parte da experiência. Muitos episódios fazem referências cruzadas – a paquera entre Dona Florinda e Professor Girafales, os ciúmes do Quico, as estratégias nada sutis do Seu Madruga para fugir do aluguel do Seu Barriga. Quando a sequência respeita essa memória, as piadas rendem mais.
Outro ponto que pesa é a dublagem brasileira que marcou gerações. As vozes clássicas, com interpretações que grudaram no ouvido, seguem sendo um dos motivos de apego. Elas fazem diferença no ritmo das piadas, nos bordões e até nas pausas que viram risada. Para o fã, é como ouvir uma banda tocando no tom certo.
O pacote no Globoplay chega num momento em que esses títulos estão encontrando uma nova audiência no streaming, sem perder quem sempre acompanhou pela TV. O consumo sob demanda permite rever um mesmo episódio várias vezes, pausar na hora de um bordão, comparar versões e, claro, apresentar para filhos, sobrinhos e quem mais topar entrar na vila. A volta ao Multishow, com horário fixo, também cumpre um papel: coloca a rotina de volta no jogo, para quem gosta de ligar a TV e deixar o riso vir no mesmo horário de sempre.
Ambas as séries nasceram da mente de Roberto Gómez Bolaños, o Chespirito, que escrevia, atuava e costurava universos com poucos cenários e muita criatividade. Em Chaves, a graça está em situações pequenas que crescem: uma bola que quebra vidraça, um sanduíche de presunto que vira tesouro, um burburinho que se transforma em confusão coletiva. No Chapolin, reina o anti-herói que assume as próprias fraquezas, mas encara qualquer missão com esperteza e boa vontade. Uma piada vem do texto, outra do gesto, outra do corte de cena. O conjunto continua funcionando décadas depois.
Se você acompanha há anos, sabe que cada título citado carrega momentos muito específicos. Em Acapulco, a câmera sai do quintal e mostra outro mundo, sem perder a alma da turma. Em "A Casa da Bruxa", o medo vira brincadeira, e a Dona Clotilde ganha camadas entre o mito e a vizinha sensível. No "Festival da Boa Vizinhança", aparecem talentos e vaidades que sempre estiveram ali, só precisavam de palco. Nas jornadas do Chapolin, a regra é simples: o perigo é de mentirinha, a risada é de verdade.
O interesse renovado por essas obras também tem a ver com como o humor envelhece. Em vez de grandes efeitos, elas apostam na repetição inteligente, no timing dos atores e na prontidão dos bordões. Isso facilita a entrada de novos públicos, que não precisam saber o que aconteceu no capítulo anterior para gargalhar. Ao mesmo tempo, quem viu tudo reconhece a costura entre um capítulo e outro – e pesca referências que passam batido na primeira visita.
Na prática, a chegada ao Globoplay organiza o acesso. Em vez de caçar vídeos soltos, o assinante encontra os episódios em um só lugar, com sinopses, ordem amigável e curadoria. E a faixa no Multishow, de segunda a sexta, às 10h30, cria um movimento complementar, com aquele clima de TV ligada durante o café ou o almoço. As duas janelas atendem hábitos diferentes, mas conversam com o mesmo repertório afetivo.
Vale um resumo rápido do que está no centro desta leva:
- Quando: novos episódios disponíveis no Globoplay desde 4 de setembro de 2025; no Multishow, segunda a sexta, 10h30.
- Como chegam: em ordem majoritariamente familiar aos fãs brasileiros, o que preserva a continuidade das piadas.
- Destaques de Chaves: trilogia de Acapulco, A Casa da Bruxa, Festival da Boa Vizinhança.
- Destaques de Chapolin: Ser Pequeno Tem Suas Vantagens (crossover com a vila), O Abominável Homem das Neves, Sai de Baixo Que Lá Vem Pedra.
Chaves e Chapolin atravessaram gerações no Brasil, com anos de exibição diária na TV aberta e uma base de fãs que cita bordões como se fossem parte do vocabulário. Ver esses episódios aterrissarem no streaming, com espaço fixo na TV por assinatura, é um aceno direto a esse público e um convite a quem nunca viu do começo. O humor segue simples, a montagem continua enxuta, e os personagens ainda falam com a vida real – com tropeços, mal-entendidos e aquele tipo de inocência que pouca gente consegue reproduzir hoje.
No fim das contas, o pacote novo não é só mais um lançamento de catálogo. É uma volta guiada a capítulos que se tornaram referência, com direito a viagem para o litoral mexicano, festival improvisado no pátio e herói atrapalhado saindo de um barril para provar que, sim, o bom humor ainda aparece quando a gente chama.

Legado, bastidores e o que esperar a seguir
O legado dessas séries na cultura brasileira é difícil de medir em números, mas fácil de ver no dia a dia: memes, vídeos recortados, dublagens reproduzidas em festas e shows, e crianças que descobrem, sem esforço, por que uma piada sobre um sanduíche de presunto continua funcionando. A simplicidade do cenário da vila e a criatividade das saídas do Chapolin se mantêm atuais porque falam de situações universais: falta de dinheiro, amizade, ciúme, vaidade, coragem – e muito jogo de cintura.
Quem acompanha os bastidores sabe que o catálogo de Chespirito tem versões, cortes e remontagens feitas ao longo dos anos. Organizar essa história para o público brasileiro sempre exigiu curadoria. Por isso, a opção de seguir a ordem que a audiência do Brasil já memorizou é mais do que nostalgia: é uma forma prática de entregar a melhor experiência possível no streaming, com o mínimo de quebra de expectativa.
A chegada desta leva também reacende a conversa sobre preservação e acesso a acervos clássicos. Em tempos de lançamento semanal de séries novas, a permanência de dois títulos dos anos 1970 no topo das preferências mostra como repertórios afetivos pesam na decisão de assinatura e audiência. Funciona como um elo entre gerações: quem cresceu assistindo apresenta, quem está chegando agora adota – e, muitas vezes, puxa os mais velhos para rever junto.
Por ora, o que já está disponível dá conta de matar a saudade e ainda abre espaço para maratonas temáticas: dá para ver a trilogia de Acapulco em sequência, revisitar o festival da vila num dia só, ou emendar as aventuras mais físicas do Chapolin, da nevasca à pedra gigante. E, como parte do charme, sempre vai haver pequenos detalhes novos para reparar na segunda, terceira ou décima vez que o episódio roda.