Quando Rússia disparou cerca de 800 drones em ondas coordenadas contra alvos ucranianos em 7 de setembro de 2025, o mundo assistiu a uma mudança de paradigma que atingiu, pela primeira vez, edifícios governamentais em Kiev. O bombardeio não poupou Odessa nem a estratégica ponte sobre o rio Dnieper em Kremenchuk, provocando caos no trânsito e, curiosamente, a morte de sete cavalos – um detalhe que gerou críticas de direitos animais.
Contexto da nova era de drones
Até então, a superioridade aérea no conflito era disputada entre caças e sistemas antiaéreos. O ataque de setembro mostrou que drones podem substituir aviões de combate, tornando‑se a principal ferramenta de projeção de força. A Rússia, que já experimentava o uso massivo de veículos aéreos não tripulados desde 2022, elevou o número de unidades para um patamar jamais visto na guerra, indicando que a tecnologia está ao alcance de estratégias de desgaste prolongado.
Especialistas da OTAN já alertavam que as doutrinas ocidentais, construídas para confrontos entre jatos de caça, não estavam preparadas para enfrentar enxames de drones que podem ser lançados de centenas de quilômetros de distância.
Detalhes do ataque de 7 de setembro de 2025
Durante o ataque com drones de 7 de setembro de 2025Ucrânia, foram observadas três ondas principais:
- Primeira onda: 300 drones atacaram infraestruturas de energia em Kiev e Odessa.
- Segunda onda: 250 drones focaram alvos civis e industriais, incluindo a ponte de Kremenchuk.
- Terceira onda: 250 drones mais avançados, equipados com carga explosiva de alta precisão, atingiram o complexo dos ministérios em Kiev, causando danos estruturais ao prédio principal.
Além dos danos materiais, o ataque resultou em 27 mortes civis confirmadas e dezenas de feridos. A destruição da ponte de Kremenchuk, construída na década de 1970, interrompeu temporariamente o transporte de suprimentos para o centro da Ucrânia.
Reações militares da Ucrânia
Para conter a nova ameaça, a Ucrânia deslocou seus caças Su-27 a bases mais recuadas, complementando a frota recém‑recebida de F‑16 dos Estados Unidos e Mirage 2000 da França. Pilotos relataram que a interceptação de drones exige manobras diferentes, já que os alvos são menores e mais ágeis.
Um oficial da Força Aérea Ucraniana, que preferiu permanecer anônimo, comentou: "Não dá mais para voar perto da linha de frente. Agora operamos a partir da retaguarda, lançando mísseis de ar‑ar de longo alcance para derrubar enxames antes que cheguem ao território".

Posicionamentos diplomáticos: França e EUA
No mesmo dia, durante a cúpula europeia em Copenhague, Emmanuel Macron, presidente da França, pediu uma postura mais agressiva da UE contra a Rússia. "Os drones que invadem nossos céus devem ser abatidos imediatamente", disse ele, acrescentando que a Europa deve bloquear também navios da chamada ‘frota sombra’, responsáveis por transportar petróleo russo para burlar sanções.
Nos Estados‑Unidos, o ex‑presidente Donald Trump ainda não fez declaração oficial, mas seu vice‑presidente da campanha JD Vance, em entrevista ao Fox News Sunday, sugeriu que a administração está avaliando o envio de mísseis Tomahawk à Ucrânia. "Estamos conversando neste exato momento", afirmou Vance.
O enviado de Trump para Kiev, Keith Kellogg, acrescentou que Kiev tem autorização para conduzir "ataques profundos" contra alvos russos, embora tenha destacado que as declarações de Vance ainda precisam de aprovação do Departamento de Estado, liderado por Marco Rubio.
Implicações estratégicas para a OTAN e o futuro do conflito
A mudança tática representada pelos drones altera a noção de tempo como recurso militar. Enquanto caças tradicionais exigem tempo de preparação e apoio logístico, os drones podem ser lançados de áreas seguras, reduzindo o risco de perdas humanas. Esse "ataque de enxame" força a OTAN a reconsiderar seus planos de apoio à Ucrânia, possivelmente investindo mais em sistemas de defesa contra UAVs, como o Patriot de última geração.
Para Vladimir Putin, o objetivo é desgaste: usar o tempo para esgotar recursos ucranianos e, indiretamente, os estoques de munição dos aliados ocidentais. Se a Ucrânia continuar a depender de caças ocidentais e de tecnologia de interceptação, Moscou pode acelerar a produção de drones autônomos equipados com IA, aumentando ainda mais a assimetria.

Próximos passos e cenários possíveis
Analistas preveem que nos próximos meses veremos:
- Um aumento no fornecimento de anti‑drones pelos Estados‑Unidos e países da UE.
- Possível escalada de sanções europeias caso a Rússia continue a atacar alvos civis.
- Debates internos na Rússia sobre a eficácia dos drones versus o custo de perda de aeronaves tripuladas.
O desenrolar desses pontos determinará se a guerra entrará numa fase de conflito de alta tecnologia ou se a diplomacia conseguirá frear a espiral de violência.
Frequently Asked Questions
Como o ataque de drones afetou a população civil em Kiev?
Além dos danos estruturais ao prédio dos ministérios, o ataque interrompeu o fornecimento de energia em bairros centrais, deixando cerca de 120 mil residentes sem luz por até 48 horas. Serviços de emergência relataram aumento de 30% em chamadas de assistência, principalmente devido a lesões leves causadas por estilhaços.
Quais são as principais diferenças entre os drones russos usados em setembro e os modelos anteriores?
Os novos drones incorporam IA de navegação em tempo real, permitindo desviar de defesas Patrimônio e mudar de rota durante o voo. Também carregam explosivos moduláveis que podem ser ajustados para alvos de diferentes tamanhos, ao contrário dos dispositivos de carga fixa usados em 2022‑2023.
O que significa a possível entrega de mísseis Tomahawk à Ucrânia?
Os Tomahawk são mísseis de cruzeiro de longo alcance, capazes de atingir alvos estratégicos a mais de 1.600 km. Seu fornecimento daria à Ucrânia a capacidade de atacar infraestrutura russa profunda, como usinas de energia ou centros logísticos, sem precisar colocar aviões sobre território hostil.
Qual é a postura da OTAN diante da nova estratégia de drones?
A aliança está analisando a integração de sistemas de defesa aérea de última geração, como lasers de alta energia e redes de sensores avançados. Em reunião de Bruxelas, representantes disseram que o objetivo é criar uma "camada de proteção" que possa detectar e neutralizar enxames antes que atinjam áreas civis.
Como a França pretende agir contra os drones que invadem seu espaço aéreo?
Macron propôs um quadro de regras de engajamento que autoriza a interceptação automática de veículos não identificados. A iniciativa inclui a cooperação com países bálticos para criar corredores de vigilância e o compartilhamento de dados de radar em tempo real.