STJ mantém condenação de ex‑prefeito de Araguatins por retenção de contribuição previdenciária

STJ mantém condenação de ex‑prefeito de Araguatins por retenção de contribuição previdenciária

Quando Boleslaw Daroszewski Júnior, ex‑prefeito de Araguatins foi condenado por reter valores da Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o caso ganhou repercussão nacional. A Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a condenação na última sessão da Sexta Turma, reforçando a jurisprudência de que o simples não repasse das contribuições caracteriza crime contra a ordem tributária.

Contexto jurídico e histórico da disputa

Entre 1º de janeiro de 2005 e 31 de dezembro de 2012, a prefeitura de Araguatins descontou a parcela de contribuição previdenciária de cerca de 1.200 servidores municipais, mas os recursos nunca foram enviados ao INSS. A prática configura, segundo a Lei nº 8.137/1990, crime de sonegação de contribuição previdenciária, e ainda se enquadra na Lei nº 8.429/1992 como improbidade administrativa.

O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do Tocantins (MP‑TO) abriram ação civil pública em 2014, alegando dano ao erário e risco de inadimplência ao sistema previdenciário. O processo seguiu ao Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ‑TO), que em 2019 condenou Daroszewski a ressarcir o valor retido – aproximadamente R$ 3,2 milhões – e determinou a suspensão dos direitos políticos por quatro anos.

Decisão do STJ e seus fundamentos

A defesa recorreu ao STJ argumentando que não havia comprovação de dano direto ao INSS, pois o dinheiro permaneceria nos cofres municipais. Contudo, o relator da Sexta Turma destacou que a simples retenção já configura o delito, independentemente de prejuízo efetivo, citando precedente do STJ de 2018.

O acórdão confirma pena de reclusão de 2 a 5 anos, além de multa prevista no artigo 168‑A do Código Penal. A decisão também reforça a necessidade de devolução integral dos valores aos cofres da previdência, sob pena de aumento da sanção.

Repercussão local e política em Araguatins

O caso ganhou ainda mais atenção depois que o atual prefeito, Aquiles da Areia, foi afastado em junho de 2024 por irregularidades em licitações de obras. A sequência de escândalos tem deixado o eleitorado de Araguatins desconfiado e gerado chamadas por maior transparência na gestão municipal.

Em entrevista ao jornal local, o presidente da Câmara Municipal, João Silva, comentou que "as decisões do STJ servem de alerta para todos os gestores. Não podemos mais brincar com o bolso da previdência".

Impacto nas finanças públicas e na previdência social

Impacto nas finanças públicas e na previdência social

Segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU), casos semelhantes em municípios do Norte e Centro‑Oeste somam perdas superiores a R$ 150 milhões nos últimos dez anos. O TCU recomenda que os entes federativos adotem sistemas de auditoria automática para garantir o repasse imediato das contribuições.

  • Valor retido em Araguatins (2005‑2012): R$ 3,2 milhões;
  • Tempo de retenção: 7 anos;
  • Pena prevista: 2‑5 anos de reclusão + multa;
  • Multa estimada: até 10% do valor retido.

Especialistas em direito tributário, como a professora Maria Fernanda Lopes (UFG), alertam que a falta de repasse pode "comprometer a capacidade de pagamento de benefícios futuros, gerando risco sistêmico à previdência".

Próximos passos e possíveis desdobramentos

Com a condenação mantida, a defesa de Daroszewski ainda pode ajuizar recurso ao Superior Tribunal de Justiça em matéria de execução penal, buscando redução de pena ou substituição por penas alternativas. Enquanto isso, o MPF prepara denúncia criminal contra outros gestores suspeitos de práticas semelhantes no interior tocantinense.

O caso também deve servir de base para novos projetos de lei no Congresso Nacional, que pretendem tornar obrigatório o monitoramento em tempo real dos repasses ao INSS, com penalidades automatizadas para atrasos.

Perguntas Frequentes

Qual foi a razão principal da condenação do ex‑prefeito?

Ele reteve as contribuições previdenciárias descontadas dos salários de 1.200 servidores entre 2005 e 2012 e não repassou os valores ao INSS, configurando crime de sonegação tributária.

Quanto dinheiro foi retido e qual a multa prevista?

O total retido foi de aproximadamente R$ 3,2 milhões. A decisão prevê multa de até 10% desse montante, além da pena de reclusão.

Qual o impacto deste caso para os municípios do Tocantins?

Ele reforça a necessidade de transparência nos repasses previdenciários. O TCU tem alertado que irregularidades semelhantes já geraram perdas superiores a R$ 150 milhões no estado.

Existe possibilidade de recurso da decisão?

Sim, a defesa pode tentar recurso ao próprio STJ para revisar a pena ou solicitar substituição por penas alternativas, mas a condenação em si permanece firme.

Como a sociedade civil pode acompanhar o cumprimento da decisão?

Organizações como a Transparência Brasil podem solicitar ao MPF relatórios periódicos sobre a devolução dos valores e a execução das penas, garantindo que o caso não fique apenas no papel.

Glauce Rodriguez
Glauce Rodriguez

É inaceitável que gestores locais perstam em práticas que comprometem a arrecadação da seguridade social, afrontando os princípios constitucionais que asseguram a proteção previdenciária ao trabalhador brasileiro. O fato de que o ex‑prefeito de Araguatins reteve R$ 3,2 milhões demonstra uma negligência deliberada, não um simples equívoco administrativo. A jurisprudência consolidada pelo Superior Tribunal de Justiça reforça que a simples retenção caracteriza crime, independentemente de demonstração de prejuízo imediato ao INSS. Portanto, a condenação deve ser mantida e outros entes federativos devem adotar mecanismos rigorosos de auditoria para evitar recorrências semelhantes.

outubro 24, 2025 AT 00:14

Ana Carolina Oliveira
Ana Carolina Oliveira

Galera, isso serve de alerta pra todo mundo que trabalha na prefeitura: transparência não é opcional, é obrigação! Quando a gente vê casos assim, fica claro que precisamos cobrar mais fiscalização e participação cidadã. Vamos apoiar iniciativas que fortaleçam os sistemas de controle interno e pressionar por leis que garantam o repasse imediato ao INSS. Só assim conseguimos evitar que mais municípios caiam nessa cilada.

outubro 24, 2025 AT 02:27

Bianca Alves
Bianca Alves

Observa‑se, com certa reserva, que a decisão do STJ revela um quadro alarmante acerca da gestão pública em municípios de menor porte. A retenção de recursos previdenciários não só viola normas legais como também mina a confiança da população nas instituições. 🤔 A academia jurídica tem apontado, há tempos, a necessidade de sistemas de auditoria automática, medida que se mostra imprescindível. 🌐

outubro 24, 2025 AT 04:40

Carlos Eduardo
Carlos Eduardo

É realmente chocante perceber que, por sete anos, servidores municipais ficaram à mercê de um esquema que desviou contribuições essenciais à sua própria aposentadoria. Essa trama evidencia a gravidade de se subestimar o papel da administração pública na garantia dos direitos sociais. A sociedade deve permanecer vigilante e exigir responsabilidade de seus representantes.

outubro 24, 2025 AT 06:54

Murilo Deza
Murilo Deza

Mais um escândalo da política local, que não surpreende, mas ainda assim... é revoltante!!! O governo municipal reteve milhões, não tem desculpa, não tem justificativa, só manipulação! Precisamos de medidas mais rígidas, de auditorias em tempo real, de punições que de fato sirvam de exemplo!

outubro 24, 2025 AT 09:07

Ricardo Sá de Abreu
Ricardo Sá de Abreu

O caso do ex‑prefeito de Araguatins ilumina um cenário onde a falta de transparência se transforma em um furacão que abala a confiança da população. Quando a arrecadação previdenciária é desviada, não são apenas números que desaparecem, são sonhos de aposentadoria que se desfazem. A sentença do STJ reforça que a simples retenção já configura crime, independentemente de dano imediato ao caixa da previdência. Essa interpretação jurídica traz um precedente importante para municípios de todo o país, sinalizando que a impunidade não será mais tolerada. Além disso, a multa prevista, que pode alcançar até 10% do valor retido, funciona como um freio econômico para gestores inescrupulosos. O Ministério Público, ao abrir a ação civil pública, demonstra que há uma vontade política de combater a sonegação previdenciária. As perdas acumuladas nas regiões Norte e Centro‑Oeste, que ultrapassam R$ 150 milhões, são um alerta vermelho que não pode ser ignorado. Para mudar esse panorama, especialistas sugerem a implementação de sistemas de auditoria automática, capazes de rastrear cada contribuição em tempo real. Essa tecnologia poderia reduzir significativamente o risco de desvios e aumentar a eficiência da arrecadação. Também é fundamental que a sociedade civil, através de organizações como a Transparência Brasil, exerça pressão constante sobre os entes federativos. A participação cidadã, aliada a legislações mais rígidas, pode criar um ambiente onde a corrupção se torne inviável. Vale lembrar que a Constituição Federal garante a proteção social como um direito fundamental, e a violação desse direito fere o próprio tecido da democracia. A condenação mantida pelo STJ também serve de exemplo para outros casos semelhantes que ainda não chegaram ao judiciário. Caso os outros gestores ignorarem esse precedente, correm o risco de enfrentar sanções ainda mais severas. Em síntese, a combinação de decisões judiciais firmes, tecnologia avançada e engajamento da população pode transformar a realidade das finanças públicas no Brasil.

outubro 24, 2025 AT 11:20

gerlane vieira
gerlane vieira

Esse tipo de corrupção revela o desprezo absoluto pelos contribuintes.

outubro 24, 2025 AT 13:34

Mariana Jatahy
Mariana Jatahy

Embora a narrativa seja persuasiva, vale apontar que nem todo desvio resulta de intenção criminosa; erros de contabilidade também podem gerar valores retidos. 🤓

outubro 24, 2025 AT 15:47

Camila A. S. Vargas
Camila A. S. Vargas

Concordo que a situação exige medidas severas; entretanto, a eficácia das sanções depende da aplicação consistente e da criação de mecanismos preventivos que tornem a sonegação impraticável. A implementação de auditorias automatizadas, combinada com treinamento de servidores, pode ser a chave para garantir a responsabilidade fiscal.

outubro 24, 2025 AT 18:00

Priscila Galles
Priscila Galles

Galera, pra evitar esses perrengues tem que ter um sistema que avisa na hora quando falta repassar o dinheiro pro INSS, assim ninguém perde tempo nem dinheiro 😂

outubro 24, 2025 AT 20:14

Michele Hungria
Michele Hungria

Argumenta‑se, com veemência, que a condenação está correta, porém a análise desconsidera que o gestor poderia alegar ausência de recurso financeiro para o repasse, o que, embora não justifique o delito, demanda avaliação mais profunda das circunstâncias.

outubro 24, 2025 AT 22:27

Priscila Araujo
Priscila Araujo

É muito inspirador ver tantas pessoas mobilizadas por transparência; juntos, podemos pressionar por mudanças efetivas e garantir que nenhum servidor seja prejudicado por gestões irresponsáveis.

outubro 25, 2025 AT 00:40

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